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19/01/2014

Núcleo de Estudos sobre Toxicomania e Psicanálise


Coordenadores: Durval Mazzei (dr.durval@uol.com.br)
Eliane Lima Guerra Nunes (elguerranunes@gmail.com )


No mal estar contemporâneo, outras constelações de sintomas são apresentadas e, poderemos configurá-las como patologias do consumo, como a anorexia, a bulimia, a obesidade mórbida e a toxicomania.
Para Lacan (1992), segundo Santiago (2001), esse é um sintoma do homem moderno, que por estar imerso no discurso capitalista, buscaria sua forma particular de obter a satisfação.
Assim, dentro desse discurso, em sua vertente médico-jurídica, é oferecida uma “prótese imaginária”, mantendo-os identificados a um significante – “eu sou alcoólatra, dependente de...”, frequentemente observados em suas falas (Miller, 1993). Segundo Miller (2000), os sujeitos ficam identificados ao lugar de objeto e não ao lugar de objeto-causa, permanecendo atados ao seu parceiro-sintoma.
A particularidade de cada sujeito é descartada e os afetados tornam-se apenas portadores de uma “doença incurável”, onde os tipos de drogas utilizadas são hipervalorizadas, classificando-os pelo uso, abuso e/ou dependência presentes no CID-10/F10-19 (OMS, 1990). Nesse campo a cura passa primeiramente pela exigência da abstinência e, em seguida, pela introdução de medicamentos e orientações dentro do enfoque comportamental e cognitivo.
Os toxicômanos, por sua vez, não se apresentam à clínica, divididos e desejosos de saber sobre o seu “mal’, sedentos por uma interpretação. Desejam apenas amortizar a angústia e, talvez, um “saber-fazer” algo com seu corpo devastado por essa forma de gozo além de uma forma de manejar a castração (Coelho dos Santos, 2002; Mollo, 2009).
Assim, no campo da toxicomania, caracterizada pela ação (atuação) dos sujeitos, exigiria, também, um ato por parte dos psicanalistas que, ao assumirem a posição de analista, ofereceriam um lugar para o particular de cada sujeito. (um ato que, como diz Mazzei, escapa ao modelo do sintoma freudiano)
O presente núcleo buscará subsídios teóricos que sustentem um outro olhar no campo da toxicomania, pautados pela clínica e a discussão de casos.

Referências :
 
COELHO DOS SANTOS, T. O analista como parceiro dos sintomas inclassificáveis. In: A fuga das doenças impossíveis. Latusa: n° 7. Rev Escola Bras Psicanálise. Rio de Janeiro: Contra capa Ed.; 2002.

LACAN, J. O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1992.

Mazzei, D. Toxicomanias. São Paulo: Editora Escuta. 2000.

MILLER, J.A. Para una investigación sobre el goce autoerótico. In: Sujeto, Goce y Modernidad: Fundamentos de la clínica, Toxicomanía y Alcoholismo. Instituto del Campo Freudiano - Atuel. Buenos Aires: TyA; 1993.

MILLER, J.A. Os circuitos do desejo na vida e na análise. Rio de janeiro: Contra Capa; 2000.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS/WHO. Código Internacional de Doenças - Décima revisão (CID-10), 1990. Disponível em: http://www.who.int/classifications/icd/en/. Acesso em: 01 dez 2006.

SANTIAGO, J. A Droga do Toxicômano: uma parceria cínica na era da ciência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 2001.  pag. 188 – 198.

MOLLO, Juan Pablo de.
La eyaculacion precoz, la toxicomania y las muletas de la época.Pharmacon 11; 2009. pg 161-7.


Próximas reuniões:



Local: CLIPP – Rua Cardoso de Almeida, 60 cj 111. Perdizes São Paulo.

Horário: 10:00 horas

O núcleo é oferecido gratuitamente para estudantes e profissionais interessados no tema. Para participar basta contatar um dos coordenadores e comparecer às reuniões.

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